Ombudsman Neila Baldi
Professora universitáriastyle="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">
Não sei se é a minha curiosidade infinita ou o vício de 16 anos atuando como jornalista. O fato é que leio muitos jornais diariamente - online e impressos. Leio tanto o Diário de Santa Maria quanto outros do estado e fora dele, incluindo alguns da América Latina. Com tanta leitura, tem duas questões que me afligem: o jornalismo declaratório e o papel de colunistas/articulistas, com a publicação de mentiras, sem informação de que são mentiras...
Temos produzido um tipo de jornalismo rápido e raso. A internet faz com que as notícias sejam dadas "em tempo real", o que 'estimula' o chamado jornalismo declaratório - fulano disse. E em que implica o que o fulano disse?
Lembro-me de uma vez, quando eu atuava em Brasília, em uma assessoria de imprensa, encontrar uma amiga que havia migrado do jornalismo impresso para o online - quando as redações não eram integradas. Ela me disse que se sentia menos jornalista, pois ia para as coletivas e tinha que publicar no ato o que a fonte estava falando, sem ouvir o outro lado, sem contraponto, sem aprofundar o tema.
O enxugamento das redações, a precarização do trabalho, a retirada da obrigatoriedade do diploma para jornalistas, entre outras questões, e a implantação do modelo online para o impresso - apenas aos finais de semana há matérias de fôlego, com mais fontes ouvidas - transformaram o jornalismo, deixando-o raso...
E quem poderia melhorar a qualidade do que se produz? Na prática caberia aos editores e editoras a cobrança por textos mais profundos, com o contraponto etc. Inclusive dizendo: olha, o que o fulano afirmou é mentira e isso tem que estar no texto ou: isso não é notícia. Mas estes, na média, estão assoberbados de trabalho. E alguns são jovens demais para compreenderem a complexidade do momento em que vivemos.
De um lado notícias mal apuradas ou com mentiras - na boca do fulano, sem contestação - de outro, nós, colunistas ou articulistas. Sob a égide da liberdade de expressão, escrevemos o que queremos. Mas sob o véu da opinião, podemos mentir? Um artigo de opinião pode ser rejeitado. Mas e o texto do(a) colunista ou articulista? Ele(a) pode dizer, sem provas, por exemplo, que o coronavírus é bioterrorismo chinês? E ficar por isso mesmo?
Eu sei o que é informação e o que é opinião. Mas e o(a) leitor sabe? Com tantas fake news proliferando em sites, os jornais poderiam ser o baluarte da informação verdadeira. Mas não...
Quem aponta para o jornal que há informação errada ou mal apurada em suas publicações? Quem lê o material com olhar crítico? Com o jornalismo declaratório e a publicação de opinião com mentiras, estamos ajudando a tirar a credibilidade dos jornais. Nos suicidando. E ajudando a matar a democracia.
Os "peros vaz de caminha" ressurgem Noemy Bastos Aramburú
Advogada, administradora judicial, palestrante e doutorastyle="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">
O substantivo masculino nepotismo (do latim nepos, sobrinho, neto ou descendente), é o termo utilizado para designar o favorecimento de parentes ou amigos próximos, em detrimento de pessoas mais qualificadas, que, originalmente, era aplicado ao âmbito das relações do papa com seus parentes, particularmente com o cardeal-sobrinho. Como sabemos o nepotismo é tão antigo como nós, inclusive, faz parte da nossa certidão de nascimento com data de 1500, e possui nacionalidade estrangeira, já que veio de Portugal no navio de Gaspar de Lemos.
O escrivão Pero Vaz de Caminha, responsável por descrever as primeiras impressões desde a chegada ao Brasil, ao escrever a carta a el- Rei Dom Manoel, pratica o primeiro ato de nepotismo e corrupção na história. A palavra "achamento" do Brasil, na análise linguística, era vocábulo utilizado pelo português do início do século 16, que foi substituído pelo vocábulo descobrimento; entretanto o nepotismo e a corrupção não sofreram nenhuma alteração, pelo contrário, permanecem em alta, principalmente neste período de eleições municipais.
CRÍTICAS E CRÍTICAS
Na parte final da carta, Pero Vaz de Caminha desvia-se do seu papel de escrivão, informar o que havia encontrado no "achamento", para realizar o seu verdadeiro intento, pedir a soltura de seu genro, que havia sido preso e exilado nas Ilhas de Cabo Verde, condenação recebida por ter agredido um padre dentro de uma igreja, pois a achava injusta.
Atualmente, os municípios vivem o mais importante momento eleitoral, pois as eleições estaduais e federais não refletem tão diretamente na população santa-mariense como as municipais, até porque, dificilmente se pode chegar no presidente, ao contrário do prefeito.
Mas o que se tem presenciado é a insistente coirmã do nepotismo, a demagogia. Critica-se o presidente por ter indicado Eduardo Bolsonaro para embaixador, porém, esquecem que os três filhos do presidente ocupam cargos eletivos: Flávio Bolsonaro - senador (PSL-RJ), Eduardo Bolsonaro - deputado federal (PSL-SP) e Carlos Bolsonaro - vereador (PSC-RJ), todos eleitos muito antes do pai ocupar o cargo de presidente, mas pede-se cargo para os futuros vereadores e prefeitos em troca de algo. Isso não é corrupção ?!?! Nossos filhos estudaram assim como nós que Pero Vaz de Caminha praticou a primeira corrupção, que praticou nepotismo, mas e nós??? O que são as uniões quando partidos de esquerda e de direita se unem para eleger um político??? O que realmente queremos ou pensamos quando usamos o termo estratégia política???